sábado, 21 de junho de 2008

-Lagoa do Parque Solon de Lucena


Floração dos ipês-amarelos, Tabebuia chrysotricha, no Parque Solon de Lucena.





A Lagoa, nome popular do Parque Solon de Lucena, é um dos emblemas da cidade. Uma depressão do altiplano que forma a cidade de João Pessoa e se estende pelos bairros centrais. O local era conhecido por Lagoa dos Irerês, espécie de marrecos que viviam ali até os anos 60.

O alegre canto dessas aves “fi-fi-fi” ecoava pelo centro da cidade, foram cenas inesquecíveis. A Lagoa era o centro de tudo. Antes que a cidade se expandisse em direção à orla, era ali que as paqueras ocorriam nas tardes domingueiras.
Era um hábito romântico em uma província que não oferecia alternativas de lazer. Todas as tardes de domingo, após as sessões de cinema no Cine Plaza ou Municipal os rapazes e as moças convergiam para a Lagoa. Eram momentos agradáveis de flerte e sedução. Era na Lagoa que as paqueras das saídas de colégio se confirmavam e resultavam em namoros e casamentos.

Os mais afoitos “fugiam” e os pais obrigavam a casar, era muito diferente. Fugir era equivalente a ficar, com a diferença de que ficavam definitivamente ou por longos anos. Quando a tarde terminava era a hora de esvaziar o local para outro público.
Chegava a hora de buscar outras alternativas que eram ora no jantar dançante do Clube Cabo Branco ou do Clube Astrea. Assim era a vida da província que se repetia a cada domingo. Com a noite chegavam as mulheres que ofereciam prazer e sexo para os mesmos rapazes que estavam antes com as garotas “de sociedade”.

Isso tudo faz parte apenas das lembranças de quem viveu naquela época. A Lagoa só perdia essa vitalidade quando chegava o verão e as famílias mais abastadas que dispunham de residência de veraneio em Tambaú passavam a residir, temporariamente, na praia. A paquera era transferida para a calçadinha da orla. Na volta das aulas, todos retornavam e a vida de sedução voltava para a Lagoa.

A Lagoa perdeu esse encanto, mas não perdeu a beleza. Um magnífico espelho d'água, quase natural, rodeado de palmeiras imperiais e ipês-amarelos que conferem ao Parque uma beleza singular e que atinge o apogeu com a floração desses ipês. A floração das cerejeiras no Japão é um fenômeno de rara beleza, mas não se aproxima da intensidade das flores do ipê, mesmo assim o dia da floração das cerejeiras é, por tradição, feriado para que todos possam apreciar o esplendor da natureza.

Para a nossa sorte, as garças substituíram os marrecos e adotaram a Lagoa como o seu ambiente porque conseguem alimento com os peixes que vivem ali. Elas emprestam a beleza de seus vôos ao local, enquanto não se decide recuperar esse valioso patrimônio urbano.

Os marrecos que fugiram da Lagoa encontraram abrigo no lago a Fazenda das Graças. Para conservar a paisagem da Lagoa é necessário que o recinto seja mantido sem os efluentes que podem alterar o equilíbrio ambiental.







7 comentários:

Renata disse...

Fotos lindas... Sabe que moro em J.Pessoa há anos e nunca tinha percebido a beleza da Lagoa?!!! Fiquei encantada....

Parabens!!!

Reginaldo Marinho disse...

Obrigado.

Anônimo disse...

Olá, de fato muito bom as fotos, tinha aqui e não sabia sua autoria.

Devido questões legais de direitos e etc, queria saber a possibilidade de uso da primeira foto da lagoa, para eu utilizar como imagem de fundo de um site pessoal que estou desenvolvendo.

Agradeço a atenção e aguardo resposta.
Até mais.

Andrade disse...
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Adriana disse...

Sempre achei a lagoa um encanto, e pude apreciá-la poucas vezes durante a infância. Apesar de morar relativamente perto, meus pais pouco me levavam para lá, o centro das atenções já era a orla. Achei muito interessante seu relato sobre como era a vida ao redor do Parque Solon de Lucena, fiquei encantada imaginando aquela época e agora entendo melhor porque essa região sempre foi referência quando meus avós falavam.

Adriana disse...

Sempre achei a lagoa um encanto, e pude apreciá-la poucas vezes durante a infância. Apesar de morar relativamente perto, meus pais pouco me levavam para lá, o centro das atenções já era a orla. Achei muito interessante seu relato sobre como era a vida ao redor do Parque Solon de Lucena, fiquei encantada imaginando aquela época e agora entendo melhor porque essa região sempre foi referência quando meus avós falavam.

Adriana disse...
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