sábado, 21 de junho de 2008

-Uma pérola em seu coração


Fundada em cinco de agosto de 1585, a localização para a fundação da cidade atribuiu a Filipéia de Nossa Senhora das Neves qualidades estratégicas. O lugar foi escolhido como se fosse para guardar uma pérola, longe dos olhos da cobiça. Distante 20 milhas náuticas da foz do rio Paraíba, numa curva do rio Sanhauá, o ponto foi definido. Ali deveria ser edificada a cidade. Um lugar cheio de verde e florestas densas que se estendiam a Leste até o mar.

Com uma topografia peculiar, as colinas que antes proporcionavam segurança; agora, as suas ladeiras oferecem uma ginga, com um movimento ondulado nas vias públicas e um desenho cheio de sinuosidade que quebra a monotonia de quem precisa transitar pela cidade.

A partir do Porto do Capim, a cidade foi subindo a colina e se projetou por uma faixa de terra plana que passa pela Igreja de São Francisco, se estende até Cruz das Armas, de um lado, e do outro, esse altiplano acompanha a cidade em direção ao litoral até a aproximação do rio Jaguaribe, quando ocorre a ruptura para voltar ao nível do mar. Esse desnível que existe nos bairros de Miramar e Jardim Luna, oferece uma linda paisagem do mar.

Foram escolhidos os pontos cardeais para a construção dos conventos e igrejas das quatro ordens religiosas exceto o conjunto carmelita, os três outros ocuparam localizações estratégicas sempre na linha de ruptura do lado Oeste do altiplano, de onde os colonizadores passariam a comandar a cidade e observar o movimento de embarcações pelo rio Sanhauá até Cabedelo.

Até a década de trinta, a cidade terminava em Cruz do Peixe, onde hoje se encontra a Usina Cultural da Energisa. A implantação da Av. Epitácio Pessoa permitiu a ampliação urbana até o litoral, cuja consolidação só veio ocorrer nos anos oitenta com a disparada da construção de edifícios.

Os bairros litorâneos se firmaram e o Centro Histórico foi praticamente esquecido, até que o ministro da Cultura Celso Furtado indicou a cidade de João Pessoa para sediar as comemorações do quinto centenário do descobrimento da América, evento de grandes dimensões promovido pelo governo espanhol. Esse convênio resgatou a importância do acervo histórico da cidade, trouxe nova leitura para a compreensão de nosso patrimônio histórico, cultural e artístico.

A ocupação dos bairros litorâneos e o prolongamento urbano se expandindo na direção do município de Cabedelo é irreversível, embora seja necessário o desenvolvimento de atividades no Centro Histórico para impedir o esvaziamento desse espaço tão notável para a compreensão do passado e a valorização dos referenciais históricos que permitem enxergar a nossa condição cultural e as perspectivas de nossa trajetória ancoradas na História.

João Pessoa é isso. Uma cidade encantadora, cheia de História e estórias. Pronta para seduzir e enfeitiçar quem por aqui trafega. Não ostenta riqueza, mas guarda em seu passado as diretrizes que orientam o nosso futuro. O turismo é uma das maiores riquezas desta cidade. Uma pérola que foi cuidadosamente protegida desde a fundação. Chegou o momento de revelarmos os seus segredos.

Pôr-do-sol sobre o rio Sanhauá e antiga sede da Alfândega.



Ancoradouro no antigo Porto do Capim.

Varadouro com vista do rio Sanhauá.

Vista noturna do Varadouro.

Igreja de São Frei Pedro Gonçalves, vista do jardim do antigo Hotel Globo.

Antigo Hotel Globo, atual sede da Comissão Permanente do Centro Histórico e Consulado da Espanha.

Sede da Funjope, Fundação de Cultura de João Pessoa.

Antiga fábrica de vinhos Tito Silva, atualmente abriga a Oficina-Escola mantida pelo convênio com a Agência Espanhola de Cooperação Internacional, AECI.

Vista da Praça Antenor Navarro, o coração do Centro Histórico.

Associação Comercial de João Pessoa, na Praça Antenor Navarro.

Igreja de São Frei Pedro Gonçalves e Hotel Globo, vista do rio Sanhauá.

Pescadores do rio Sanhauá.

Um comentário:

Blog do Siéllysson disse...

Parabéns pela linda matéria e as excelentes imagens dessa cidade tão linda, mas que precisa ser mais conservada. Siéllysson